domingo, 24 de maio de 2009

Fabricação de instrumentos musicais customizados é hobby de médico da Rede Sarah

18/05/2009 - 09:56:29

Luana Lleras
Do Clicabrasilia.com.br

Nem Ibanez, Gibson ou Fender – o que Paulo Alziri, 41 anos, procurava eram instrumentos musicais com personalidade, com tempero pessoal. Foi assim que esse médico anestesista se tornou, nas horas vagas, um luthier – uma artesão a serviço da música. Apesar de não se considerar um guitarrista habilidoso, Paulo leva muito a sério seu hobby.

Ao lado de outros cinco servidores da Rede Sarah Kubitschek (dois anestesistas, um neurocirugião, uma radiologista, um estatístico), ele mantém uma banda de pop rock, com uma rotina rígida de ensaios.

Oficialmente, o grupo se apresenta ao vivo só uma vez por ano: na semana de prevenção aos acidentes de trabalho realizada pelo hospital. A confecção de instrumentos consome a maior parte do seu tempo livre.

Cada peça demora cerca de três meses para ser finalizada. "Não faço guitarras em série, todas as que eu faço têm algo de diferente. Varia de acordo com minha inspiração", revela Paulo, que não costuma comercializar suas obras.

Diversão e Arte
De acordo com o médico, o dom para esculpir a madeira veio à tona cedo. Na adolescência, chegou a fazer o armário da casa da mãe. "Sempre gostei de marcenaria. Do cheiro da madeira, da serragem sob os meus pés", revela.

Em 2003, ao levar um violão rachado para consertar, descobriu que o trabalho de luthier era uma espécie de "Disneylândia da marcenaria". Seu grande incentivador foi Eduardo Brito, conhecido artesão musical da cidade.

O primeiro instrumento construído por Paulo foi um "baixolão" (baixo com corpo de violão), que lhe tomou nove meses de trabalho. O resultado agradou. Daí para transformar parte de sua casa em oficina foi questão de tempo.

Matéria-prima
O gasto de Paulo com matéria-prima é quase zero. "Uso caixa de bacalhau, pedaços de madeira que ficam na rua, móveis velhos. Tudo eu guardo", garante. Quase toda madeira pode ser aproveitada, mas com uma condição: "Tem que ter pelo menos cinco anos. Quanto mais velha é a peça, menos chance ela tem de ruir com a umidade", explica.

Paulo mesmo desenha seus projetos – alguns bem exóticos. Com madeira de um triliche velho e 17 pedaços de bambu, ele fez seu primeiro violão. Outro curioso intrumento, em formato triangular, foi feito com caixas de bacalhau. Porém, mesmo com material reciclado, o preço de custo de cada peça ultrapassa a faixa de R$ 1.5 mil.

É que ele investe nos componentes eletrônicos do instrumento. "O que ’quebra’ são as partes importadas. Procuro sempre captadores com menos ruído, que não se encontram em guitarras de série. Mas, pelo menos, eu tenho certeza de que estou fazendo algo de qualidade", afirma.

O bom luthier, segundo Paulo, é aquele que sabe aproveitar bem o desenho da madeira. "A arte já está pronta. É só dar vida. Costumo lixar cerca de 20 vezes a madeira até ela ficar pronta".

fonte: http://www.jornaldebrasilia.com.br/viva/principal/noticia.php?IdNoticia=43675

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