segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Luthiers amadores

Em busca de preço menor, personalização e até de sonoridade melhor, um número cada vez maior de músicos cria e constrói os próprios instrumentos
Igor Silveira

Daniel Ferreira/CB/D.A Press



O médico Paulo Alziri se apaixonou pela construção de instrumentos: guitarras com caixas de bacalhau e madeiras de móveis velhos

Alheios às marcas famosas que produzem instrumentos e equipamentos musicais em escala industrial, alguns músicos aderiram à filosofia do “faça você mesmo”. Com o avanço da tecnologia e a democratização das informações, esses apaixonados por música dedicam tempo e esforço para a construção de guitarras, baixos, pedais de efeito e caixas amplificadas. As vantagens? Os luthiers amadores garantem que são inúmeras: vão desde o preço mais em conta até a qualidade sonora mais apurada, passando pelo prazer de tocar com um material personalizado.

O paulista Paulo Henrique Alziri, 45 anos, é médico e trabalha como anestesista em um tradicional hospital de Brasília. Nas horas vagas, ele troca a medicina pela luthieria(1). Com madeiras recicladas ou reaproveitadas de caixas de bacalhau e móveis velhos, Alziri dá forma a instrumentos musicais que toca em uma banda formada por outros quatro médicos, uma enfermeira e um estatístico. A parede da oficina localizada nos fundos da casa do artista está lotada de guitarras, baixos e violões. Todos construídos por Alziri.

Os detalhes dos instrumentos impressionam, porque as cores e o formato de cada um deles são muito diferentes dos produtos encontrados em lojas do ramo. A colagem de vários tipos de madeira dá um efeito de mosaico muito interessante aos instrumentos de corda feitos pelo médico. O som das guitarras também chama a atenção. Paulo Alziri faz todos os modelos, como réplicas dos consagrados Les Paul, Stratocaster e Telecaster, além de outros totalmente exóticos, como um inspirado em um corpo feminino e outro na forma de um morcego.

“Eu gosto de carpintaria há muito tempo, desde criança, mas só aprendi a tocar violão em 1993. Juntei as duas paixões e fiz o meu primeiro instrumento em 2002. Muitas pessoas não entendem o valor dos trabalhos feitos à mão (handmades). É tudo feito com muito esmero, muito capricho para que o resultado seja satisfatório”, explica Alziri. “O som das minhas guitarras é muito bom. Uma vez, fui ao Clube do Choro e mostrei uma que eu fiz ao Pepeu Gomes. Ele gostou tanto que queria ficar com o instrumento, mas não fabrico com o objetivo específico de vender.”
...

Os pioneiros

Guitarra elétrica
O músico e inventor norte-americano Lester William Polfus revolucionou a história da música ao criar, no início da década de 1950, o primeiro modelo de guitarra elétrica sólida. O modelo foi batizado de Les Paul, apelido do guitarrista, e tornou-se um dos mais populares do mundo

Baixo elétrico
Em 1951, Clarence Leo Fender, fundador de uma das marcas de equipamentos musicais mais famosas do mundo, adaptou o baixo acústico para o modelo elétrico conhecido atualmente, porque não considerava o instrumento eficiente para ser tocado em bandas com formações pequenas

Piano
A invenção do piano é atribuída ao italiano Bartolomeo Cristofori. O instrumento teria sido fabricado em 1709, quando o músico tentava construir um cravo com uma dinâmica maior de sons. O piano só ficou popular, no entanto, quando Mozart começou a tocar o instrumento, em meados do século 18

Microfone
O inventor do microfone foi o alemão Emile Berliner. Em março de 1877, ele terminou a montagem do equipamento, que proporcionou um avanço significativo para a história da música, principalmente para a indústria fonográfica, com o aperfeiçoamento do fonógrafo, aparelho que permitia o registro de músicas

fonte: https://www.correioweb.com.br/cbonline/tecnologia/pri_tec_62.htm

domingo, 24 de maio de 2009

Fabricação de instrumentos musicais customizados é hobby de médico da Rede Sarah

18/05/2009 - 09:56:29

Luana Lleras
Do Clicabrasilia.com.br

Nem Ibanez, Gibson ou Fender – o que Paulo Alziri, 41 anos, procurava eram instrumentos musicais com personalidade, com tempero pessoal. Foi assim que esse médico anestesista se tornou, nas horas vagas, um luthier – uma artesão a serviço da música. Apesar de não se considerar um guitarrista habilidoso, Paulo leva muito a sério seu hobby.

Ao lado de outros cinco servidores da Rede Sarah Kubitschek (dois anestesistas, um neurocirugião, uma radiologista, um estatístico), ele mantém uma banda de pop rock, com uma rotina rígida de ensaios.

Oficialmente, o grupo se apresenta ao vivo só uma vez por ano: na semana de prevenção aos acidentes de trabalho realizada pelo hospital. A confecção de instrumentos consome a maior parte do seu tempo livre.

Cada peça demora cerca de três meses para ser finalizada. "Não faço guitarras em série, todas as que eu faço têm algo de diferente. Varia de acordo com minha inspiração", revela Paulo, que não costuma comercializar suas obras.

Diversão e Arte
De acordo com o médico, o dom para esculpir a madeira veio à tona cedo. Na adolescência, chegou a fazer o armário da casa da mãe. "Sempre gostei de marcenaria. Do cheiro da madeira, da serragem sob os meus pés", revela.

Em 2003, ao levar um violão rachado para consertar, descobriu que o trabalho de luthier era uma espécie de "Disneylândia da marcenaria". Seu grande incentivador foi Eduardo Brito, conhecido artesão musical da cidade.

O primeiro instrumento construído por Paulo foi um "baixolão" (baixo com corpo de violão), que lhe tomou nove meses de trabalho. O resultado agradou. Daí para transformar parte de sua casa em oficina foi questão de tempo.

Matéria-prima
O gasto de Paulo com matéria-prima é quase zero. "Uso caixa de bacalhau, pedaços de madeira que ficam na rua, móveis velhos. Tudo eu guardo", garante. Quase toda madeira pode ser aproveitada, mas com uma condição: "Tem que ter pelo menos cinco anos. Quanto mais velha é a peça, menos chance ela tem de ruir com a umidade", explica.

Paulo mesmo desenha seus projetos – alguns bem exóticos. Com madeira de um triliche velho e 17 pedaços de bambu, ele fez seu primeiro violão. Outro curioso intrumento, em formato triangular, foi feito com caixas de bacalhau. Porém, mesmo com material reciclado, o preço de custo de cada peça ultrapassa a faixa de R$ 1.5 mil.

É que ele investe nos componentes eletrônicos do instrumento. "O que ’quebra’ são as partes importadas. Procuro sempre captadores com menos ruído, que não se encontram em guitarras de série. Mas, pelo menos, eu tenho certeza de que estou fazendo algo de qualidade", afirma.

O bom luthier, segundo Paulo, é aquele que sabe aproveitar bem o desenho da madeira. "A arte já está pronta. É só dar vida. Costumo lixar cerca de 20 vezes a madeira até ela ficar pronta".

fonte: http://www.jornaldebrasilia.com.br/viva/principal/noticia.php?IdNoticia=43675

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Paulo Alziri, luthier

  • violões e guitarras com desenho exclusivo
  • cuidado nos detalhes e acabamentos
  • ergonômicos, desenhados um a um

... início na luthieria

Começou já na adolescência, lá pelos 15 anos, quando resolvi construir os móveis do meu quarto da nova casa. Depois de inúmeros erros e utilizando da tinta para escondê-los o resultado foi até satisfatório e já dormia na cama própria além do criado-mudo, armário e escrivaninha. Diverti-me muito e a semente estava plantada.

Depois veio uma reforma em um armário da sala da casa, desta vez um trabalho de responsabilidade porque ficaria visível a todos e o acabamento era em madeira e nesses casos os defeitos saltam aos olhos. O resultado para minha surpresa foi muito bom.

Depois veio a faculdade e só voltei às atividades na época do quinto ano, ainda não tínha renda e o dinheiro era escasso. Como não tínha outra opção eu resolvi fazer os móveis da casa. Comecei com a cama e depois veio uma mesa, um buffet, uma estante, outra cama, um armário e outras coisas menores.

Em 1993 ganhei meu primeiro violão do David. Vale lembrar que ele ia jogar no lixo porque não era dos melhores e estava com um "pequeno" problema: Ele estava com o braço quebrado. Nunca eu ia imaginar o que estaria começando...
Colei as duas partes do vilão, coloquei parafusos, tapei buraco e tentei até fazer um acabamento. Inútil, ele estava horrível mas emitia sons!!! E ele ainda existe!!!
Comecei meus primeiros acordes aos 25 anos.

Com o tempo fui querendo um instrumento melhor e comprei uma boa guitarra e me desfiz dela após constatar que seu braço estava torto e sem possibilidade de melhora. Depois comprei um violão elétrico com corda de aço de uma marca muito respeitável e tive que vendê-lo devido a um problema também sem solução na junta do corpo com o braço.
Nessa época descobri que além das crianças, os instrumentos musicais também sofrem muito aqui em Brasília devido às diferenças de temperatura e umidade.

Numa viagem a Blumenau conheci um primo que era sócio de uma fábrica de instrumentos musicais e encomendei um violão de 12 cordas de jacarandá. É fácil perceber quando se tem um instrumento com uma boa madeira e totalmente feito à mão.

Quando recebi esse violão, após uns 8 meses da encomenda, levei para o luthier Eduardo Brito de Brasília para uns ajustes. Aí eu descobri que ele tinha alunos de luthieria e imediatamente matriculei-me. Após 9 meses de muita dedicação estava pronto um belíssimo baixolão de mogno, red cedar, imbuia, abeto norueguês, sucupupira, cedro e pau-ferro com design exclusivo e som também.

Comecei a entender cada vez mais o complexo mundo das madeiras, cortes, umidade, colas, planejamentos, projetos, acabamentos e sons e vi que aí se encontrava um hobby com possibilidades ilimitadas.

Em 2002 iniciei a montagem da minha oficina, em casa, para essa deliciosa, divertida e gratificante arte da Luthieria.